SÓ É LIVRE O CORAÇÃO QUE ESTÁ PRESO A UM AMOR

"Pensamentos"

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

PALAVRAS QUE FAZEM A GUERRA...

A cada dia que consigo enxergar meu próprio ser, aprendo algo novo que, por estar tão dentro de mim, não percebia...

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-Uma, duas, três... duzentos e trinta e cinco... Ah, cansei Rosi!

- Mas, a idéia foi sua Lanna, de contar as estrelas... Eu bem que não queria contar porque minha avó diz que dá verruga.

- E você acreditou? Fala sério... – Disse Lanna de seis anos de idade. Menina inteligente mas, sem “papas na língua”, tinha a mania de achar que já sabia de tudo. Apesar de ser bem esperta para sua idade, não passava de uma menina sonhadora.

- Claro que acreditei! – Respondeu a pequena Rosi de cinco anos. E continuou. – A minha vó tem três pintas no nariz e uma verruga no queixo...

- Aaaah, isso é coisa de velho! Meu primo já é grande, tem doze anos e disse que as pessoas vão ficando velhas e nasce um montão de pintas, de verrugas e o nariz fica enooooorme! Não foi por causa de terem contado estrelas não... Isso é mentira das grossas!

- A minha vó não é mentirosa! – Rosi amava a vozinha dela e ficou brava ao ouvir aquela acusação.

- Tá... Então ela é uma bruxa! Bruxas têm pintas e verrugas no rosto... Há, há, há! – Debochou Lanna.

- Bruxa é sua mãe que pinta o cabelo de roxo e de vermelho!!! -Choramingou Rosi.

- Repete o que disse para ver se não “sento a mão” no seu nariz! Aí você vai contar estrelas ao montes e vai aparecer é uma verruga enooorme na sua cara de babaca do soco que vai inchar!!!

Rosi era pequena mas, não era burra! Deu dois passos para trás e antes de sair correndo gritou:

- Filha da bruxa que come sapo e bebe água de ralo!!!

Lanna até tentou pegar a Rosi. Quando já ia alcançá-la, sua mãe chamou:

- Lanna, venha meu amor, tomar banho para jantar.

De bico, vermelha, olhos lacrimejados, Lanna entra em casa. A mãe percebe que a filha está contrariada e a chama para conversar:

- Possa adivinhar? Brigou de “nooovo” com a Rosi e agora é para sempre e você jura de pé junto e vai devolver todos os brinquedos que ela já deu para você, inclusive aquele anel de amizade que muda conforme o humor que você adooora! Acertei?

- Mas, agora é mesmo pra sempre pra sempre! – Disse convicta a pequena Lanna.

- E do que ela me chamou dessa vez? Camaleoa já foi, arco-íris, perua louca, árvore de Natal...

- Nada disso! Hoje foi pior. Ela chamou você de bruxa, mãe. – Disse justificando o motivo da zanga com a amiguinha.

-Hummm, sei. Agora me diz do que você chamou a mãe dela?

- Mãe não, vó dela... Hã! – Lanna viu que deu uma “vacilada” e acabou se entregando para a mãe.

- Bingo! Sabia... A Rosi só me ataca quando você a deixa sem saída. – A mãe quis rir, para não dar confiança para a filha, manteve-se séria.

- Mas, mãe... Só porque eu falei que verruga é coisa de velho e não de contar estrelas, a Rosi ficou com raiva. Prefere ficar acreditando nas historinhas de mentiras da avó dela!

- Você chamou a dona Terê de mentirosa, Lanna? – A mãe ficou mesmo zangada. – Ela é uma vozinha amável, querida por todos. Ela é para mim a vozinha que não tenho mais. Não admito falta de respeito com ela! Já cansei de avisar para você para não envolver adultos nas briguinhas com suas amigas, entendeu?

- Sim, desculpa mamãe... – Lanna estava chorando porque sabia que teria uma punição pelas coisas que falou. Ela ficou pensando... “Quem mandou eu ser assim e falar tudo o que me vem na cabeça?”

- Tudo bem, Lanna! Amanhã iremos falar com a Rosi e pedir desculpas para ela, ok?


E podia dizer que não? Só iria piorar a situação. O jeito foi Lanna concordar mesmo discordando daquela ordem.

- Tá, mãe... Eu peço desculpas... – Respondeu contrariada.

-Vá para o banho e depois venha jantar. – Ordenou a mãe.



- Mãe...

- Oi, meu amor.

- Por que a gente não pode falar o que pensa... Falar aquilo que gente acha que é certo?

- Como assim... Não pode falar?

- É... Só porque eu disse que verruga é coisa de velho e que era mentira a história de apontar para estrelas, a Rosi ficou zangada. Disse que eu chamei a vó dela de mentirosa.

- Sim, meu amor... A comunicação é muito complicada. Por falta de uma vírgula numa escrita, pode causar muita confusão. Por causa de palavras mal compreendidas, há a guerra.

- E como se faz então para dizer sem ofender? – Quis saber a Lanna.

- Tem que estudar muito e além disso, querida, pensar com o coração e sabedoria antes de falar o que se tem vontade. Você precisa pensar bem antes de falar qualquer coisa. Eu faço assim, quando estou aborrecida, procuro me colocar no lugar do outro e ver como eu reagiria com aquilo que eu queria dizer. Muitas vezes, eu até mudo a maneira de falar para não ser grosseira ou mal interpretada. Entendeu?

- Eu tenho que ser falsa mamãe? Falar mentira?

- Não, meu bem! Podemos falar a verdade, sem ofender. Se você puder falar de um jeito que a pessoa perceba que ela está errada, é bem melhor.

- Como assim, mãe?


- Bem, vou dar um exemplo que fica mais claro. Quando você disse para Rosi que era mentira apontar para estrelas e aparecer verruga, ela entendeu como se você chamasse a avó dela de mentirosa. E na verdade, você não quis dizer isso. Você quis dizer que isso é lenda, não há comprovação científica...


- Então, mãe! O primo Nico falou para mim a verdade...


- Lanna, eu também sempre falo a verdade para você. Desde que nasceu, seu pai e eu combinamos de falar tudo para você, aos poucos, de acordo com a sua idade. A verdade sempre!


- Eu lembro quando perguntei como nascem os bebês. Achei estranho... Mas, sabia que era o jeito certo porque foi você que me explicou tudinho.


- Claro. Do mundo, de Deus, daquilo que sei eu vou dizer a verdade. Não a “minha” verdade, porque aí já seria minha opinião pessoal. E muita gente faz assim, fala “verdades pessoais” e por isso causa tanto desconforto e confusão no mundo.

- Mamãe...

- Oi, Lanna...


- Quando eu crescer e tiver meus filhos, quero ser como você, falar só a verdade para eles também.


- Oh, meu amor... Que bom que você me entendeu ! Vem cá da uma abraço na sua bruxa de cabelo vermelho...

E riram abraçadas mãe e filha, num momento de amor... Amor de verdade.


Há esperança de um futuro de paz, um mundo melhor toda vez que alguém se compromete a falar a verdade sem magoar o outro. Pense no seu semelhante como um espelho. Você ofenderia sua própria imagem? Como se sentiria sendo destratado?

Suas palavras promovem a PAZ ou a GUERRA?

Texto de Djanira Luz, extraído do site: Recanto das letras.

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Há momentos de falar e não aceitar o silêncio.
Há momentos de espera e paciência.
Há momentos de luta, onde os conflitos nos fazem ver o que nem sempre queremos.
Há também, momentos de amor, de vitória, sem necessidade de haver um perdedor.
...

Um comentário:

unknown disse...

Dragon...amei a historia, muito legal e uma grande lição para alguém que tem o terrivel defeito de ser impulsiva. rsrs

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Por vezes lemos algo que nada mais deixa para dizer..apenas ler e aprender com aqueles que como tu poêm em palavras os mais belos pensamentos.

Obrigada

xau xau e tudo de bom.