SÓ É LIVRE O CORAÇÃO QUE ESTÁ PRESO A UM AMOR

"Pensamentos"

sábado, 17 de abril de 2010

Os sonetos da morte

Parte I - O frio e o vazio da morte.


Lâminas molhadas reluzem o brilho amarelado de uma chama
Lágrimas cortantes rabiscam o rosto de um sonhador
Olhares perdidos e desencontrados revelam a tristeza
De uma alma que se perdeu em amor...

O frio agora conserva em culpa e angústia a pele
Do poeta que se deixou arrastar pelas águas
Sem perceber que seu caminho por ele mesmo escolhido
O levaria a um charco de mágoas...

Sem esperar pelo calor do sol
Adormecer em relva orvalhada
Sob a névoa fria da madrugada.

É preciso agora morrer
Para um dia reviver e ter novas razões
É preciso partir para se ter uma chegada.

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Parte II - O começo e o fim.


Aqui é onde tudo termina
Um ponto final para a esperança
Aqui é onde tudo começa
Um sonho doce de criança

Nas águas violentas deixei minha alma ir embora
Na chuva fina reencontrei minha paz
Pois minha paz hoje é a morte
E suave é o frio que ela me traz

Lágrimas são orvalhas de sangue
O tempo não existe de fato
Pois tudo a morte leva no doce som de sua fala...

A vida não entende nada de amor
Mas quando a morte me carrega com carinho
Então revivo a paz na voz que não se cala...


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Parte III - A morte da deusa.


Idealizada acima de meus limites
Suprema e absoluta majestade
Hoje já não sinto mais que a lembrança
De um doce sonho de saudade...

Pois até mesmo uma deusa precisa morrer
E desaparecer por completo no vento
Para que nada reste a se ver,
Nem chuva, nem sua imagem no firmamento

Agora parte de mim se perde
Tal como folhas levadas pela correnteza
De uma torrencial fúria que me fez sonhar...

Na noite um raio se perdeu
E a deusa precisa partir para que fique apenas
Uma simples mulher que eu possa amar...

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